Não há soluções prévias para os problemas do existir, nem roteiro a ser seguido de antemão. O pior que se pode fazer em situações de luto, é prescrever ao enlutado como é que ele precisa viver o seu luto para que esse faça sentido. Ao mesmo tempo, as perguntas sobre até que ponto ainda é possível viver, até que ponto nós queremos viver, aonde nossa existência ainda é requisitada, para que ainda somos necessários, são perguntas fundamentais na composição mais ampla do sentido, na medida em que elas não refletem apenas sobre o porquê da vida, mas sondam também nossas emoções em geral. E é aqui precisamente que esse pequeno livro poderoso, O cultivo da vida, entra em cena. O que ele pretende não é funcionar como um método de análise existencial, mas como um aceno para a atenção necessária para não condenar a vida de antemão nem para transformar a afirmação da vida em uma nova prisão. Tal como se encontra expresso no subtítulo do livro, crise e sofrimento são desafios existenciais, que colocam a existência diante de sua verdade e a prepara para processos diretos de crescimento vital.