Em Habitar o Inóspito, somos convidados a refletir sobre a condição humana a partir do entrelaçamento denso e sensível entre o pensamento de Martin Heidegger e Sigmund Freud. A autora propõe um diálogo cuidadoso e instigante entre esses dois pensadores, lançando luz sobre a fragilidade estrutural que atravessa a existência humana — uma condição de desabrigo que não pode ser resolvida, mas precisa ser reconhecida, sentida e cuidada.
 
Longe de oferecer respostas absolutas, o livro aposta numa ética do cuidado que se constrói a partir da própria experiência de desamparo. Trata-se de um cuidado que não se coloca acima da dor, mas que convive com ela; que não busca eliminar o desconhecido, mas abrir-se à alteridade, à diferença e à indeterminação. Com linguagem sensível e rigor conceitual, Habitar o Inóspito convida o leitor a suspender certezas totalizantes e a habitar as margens da familiaridade — ali onde o abrigo e o desabrigo se tocam, produzindo tanto limite quanto potência.
 
Essa obra é um exercício de pensamento e escuta, que busca, mais do que compreender, acompanhar a condição humana em suas dobras mais inóspitas, lançando a pergunta: como cuidar daquilo que nos escapa, mas que ainda assim nos constitui?